quinta-feira, 5 de março de 2009

"Porque o amor é um cântico selvagem" - Emanuel Meireles

terça-feira, 3 de março de 2009

Conto de verão no. 3

Era muito improvável. E, por ser improvável, aconteceu.
Eu vi aquele rosto. Tentei reconhecer nele o amor da minha vida. Ele provavelmente fez o mesmo. E, não sabendo ao certo, perdi-me na multidão. A velhice engana os sentidos e faz com que a gente tenha dúvidas sobre o amor da vida. Enganará os onze?
Mas ele foi atrás de mim e me perguntou algo. Ele não perguntou "por acaso você é o amor da minha vida?"; mas perguntou algo, completamente esquecível, que queria dizer a mesma coisa.
- Você não lembrava mais de mim?
- Estava procurando a cicatriz.
- Não curou.
Foi então que ele disse que eu não mudei nada. Que eu continuava animada como sempre - eu, que nem sabia que era animada.
E eu falei que sempre ia a sua cidade, mas que não o via porque não sabia se ele acharia bom ou não.
- Já curou.
Então lhe disse que lembrava dele sempre e que gostava muito dele. Foram dois os beijos em seu ombro e um, que ele me deu na testa antes de partir.
A vontade de chorar vinha de também eu poder dizer que ele não mudou nada - e o beijo na testa dizer que não curou.